sábado, 10 de setembro de 2016

Uma Viagem Inesquecível - Parte 4

Quando chegamos na casa deles, não fiquei surpresa. Era uma linda e grande casa de madeira. Pensei que a maioria das casas eram de madeira para manter o calor dentro... parecia estilo casas americanas dos filmes: sem portão, um ótimo gramado, um caminho de pedras que dava para a porta de entrada e uma garagem do lado. Assim que Geraldo estacionou, Sônia e Fábio saíram para fora me encontrar.
                -Menina! – gritou Sônia ao sair da casa, andar rapidamente em minha direção e me abraçar. – Como você cresceu! Quando te vi pela última vez, ainda era uma garotinha bem pequenininha... e agora já é uma moça!
Me constrangi.
                - Você deve ser a Sônia... é um prazer te conhecer... ou te rever... desculpe.
                - Sem problemas! – Ela então puxou Fábio que se escondia atrás dela e o trouxe para frente, para que eu pudesse vê-lo. – Este aqui é o Fábio. Diga “oi”, filho.
Fábio não parecia ser tão encrenqueiro quanto o pai havia deixado de impressão. No carro, Geraldo me contou que o filho já mudou de escolinha três vezes por se meter em encrenca. Uma por colar o cabelo de uma colega com chiclete, outra por ficar de cueca em cima da mesa e a outra por esconder a cadeira da professora. Juro que fiquei imaginando como ele fez essa última, mas não encontrei respostas lógicas. Me agachei para falar com ele.
                - Olá, Fabinho! Você eu tenho certeza que não conheço.
Ele abaixou a cabeça, olhando para os pés. Soltou um “oi” baixinho e correu para dentro de casa. Me levantei e sorri para Sônia.
                -Ele se acostuma... sempre é assim com visitas. Logo vai te tratar como um dos amiguinhos dele. – Aí fiquei preocupada.
                - Sem problemas.
Geraldo trouxe minhas malas, deixou-as no chão e foi cumprimentar a esposa. Quando se deram um beijo social na bochecha e sorriram, eu pude ver os olhos dos dois brilhando enquanto se olhavam. Eles eram casados a mais de 20 anos e ainda eram apaixonados.
                -Meu bem, Pedro tá se virando bem no Pet? – Perguntou Sônia.
Geraldo arregalou os olhos.
                -Meu Deus, meu filho. Preciso ir ajudar, ele ficou totalmente atolado hoje. Dois funcionários faltaram e tem muitos animais. – Beijou a testa de Sônia, bagunçou minha franja, e entrou na van.
                -Ele é um pouco devagar, mas é uma boa pessoa. – Disse Sônia, sorrindo. – Vem, vou te mostrar a sua nova casa.
-
A casa era simplesmente espetacular. Se por fora já parecia linda, por dentro parecia incrível! Assim que entramos, já estávamos na sala de estar. Tinha um grande sofá, uma boa televisão e um tapete incrível no chão. Ele deveria ser mais macio que minha cama em São Paulo. Atrás da televisão, havia um pequeno balcão que separava a sala e a cozinha. Do lado direito da sala, havia uma escada que certamente dava para os quartos. Do outro lado havia um corredor que, no final, dava para a área de limpeza e uma churrasqueira. No início do corredor havia uma porta branca.
                - Aqui é o seu quarto. Acabamos de fazer para o Pedro de presente de aniversário, mas ele não se importou em deixar que fosse seu por enquanto.
Eu ainda tentava digerir o quanto aquela casa era magnífica por dentro. Mas quando abri a porta do “meu” quarto, fiquei totalmente sem ar. Assim que abri a porta, pude ver minha cama que era de casal, com lençóis, travesseiros, cobertas e mantas brancos. Ao lado, havia uma mesinha com um telefone em cima. À cima da cama era a janela com uma cortina. Na parede da frente havia o guarda-roupa e uma cômoda brancos também. Na parede de frente para a cama tinha uma mesa e cadeira de escritório, e ao lado, outra porta.
Fiquei curiosa sobre aquela porta.
                - Ah, ali é o seu banheiro. O quarto é, na verdade, uma suíte.
Gostei ainda mais.
                - Obrigada Sônia, o quarto é incrível! Tem certeza que o Pedro não se incomoda que eu fique aqui?
                - Tenho. Ele que inclusive deu a ideia toda de você vir pra cá e ficar no quarto dele. Ele se preocupou muito quando soube o que havia acontecido com a sua avó... Agora vai, arruma suas coisas, se precisar de qualquer coisa é só me chamar!
-
Entrei no quarto e olhei todos os móveis, um por um. Todos de boa qualidade! Eles se preocuparam não apenas onde eu ia dormir, mas como e se ficaria confortável. São boas pessoas, são amáveis e um garoto do qual eu nem lembrava o nome há algumas horas se preocupou comigo. Creio que vá ficar tudo bem.
Arrastei minha pesada mala até tentar coloca-la em cima da cama. Abri e resolvi tomar um banho bem quente. Quando dizem que Rio Grande do Sul é muito frio, acreditem, por favor. É realmente muito frio! Separei algumas peças de roupa, peguei minha nécessaire e minha toalha e fui até o banheiro.
Não o havia visto ainda. Mas assim que abri a porta, vi um banheiro lindo todo branco. Dei de cara com o espelho, e depois que vi meu reflexo com as olheiras pretas como de um panda, meu cabelo e franja todos bagunçados e minha roupa amarrotada, só confirmei que precisava mesmo de um banho. A pia era grande, o que era muito bom.
-
Assim que saí do banho, parecia que o frio do quarto havia aumentado consideravelmente. Olhei para o relógio e era meio-dia. Peguei um par de meias gigantes, daquelas que vão até a metade da coxa e são bem quentinhas, vesti. Coloquei o resto das roupas e me certifiquei de que estava usando blusas de frio o bastante. Sequei o cabelo, fiz todo o ritual de beleza pós-banho e resolvi começar a guardar as roupas.
Quando montei a mala ainda em São Paulo, achava que estava levando uma infinidade de roupas. Pensei até em deixar algumas peças por lá, já que pretendo voltar em poucas semanas. Mas desmontando tudo, percebi que não havia trago quase nada! Comecei a separar os tipos de roupa, essa é a

forma que eu arrumo tudo; Calças, blusas, moletons que vão para o cabide. Roupas íntimas, meias, muitas meias, luvas, cachecóis, etc. Mas houve um momento que eu parei e olhei para a cama: um caos. Sabe no meio da arrumação que bate aquele desânimo? Essa foi a hora. Eu a-pa-guei.


-

Acordei meio desorientada sobre tudo, se havia esquecido meu nome, que dirá o lugar onde eu estava... Depois de alguns minutos, comecei a voltar a ter consciência. Mas o quarto que era branco, agora estava alaranjado. Quanto tempo eu dormi?

Nenhum comentário:

Postar um comentário