quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Uma viagem inesquecível - Parte 1

Nota da autora (no caso, euzinha): Uma Viagem Inesquecível é uma história que me foi dada de graça por um sonho há uns 3 anos. Assim que levantei da cama, abri meu notebook e comecei a digitar a história, porque parecia muito boa para ser desperdiçada assim. Conta a história de Mariana, que mora na grande São Paulo e tem sua vida mudada de forma drástica. Ela odeia a mudança, claro, mas o que a espera é muito melhor do que ela jamais imaginou.
Bora começar!




Se alguém me dissesse que eu passaria o dia todo daquela terça-feira no hospital com a minha avó, eu não teria acreditado. O que leva uma senhora de quase 70 anos varrer o chão perto de uma escada dançando forró com a vassoura? Será que não era óbvio que algo ruim iria acontecer? Minha avó é uma senhora muito alegre e ativa, mas também é bem desastrada.
Seria um dia normal se ela não resolvesse ser uma dançarina. Em dado momento da faxina, ela e seu par, o Sr. Vassoura estavam perto demais da escada que dava para o segundo andar da casa. Ela tropeçou, Sr. Vassoura não tinha mãos e braços para segurá-la, ela rolou escada abaixo e o resultado foi: eu desesperada, uma ambulância, ossos quebrados, minha avó fingindo que estava tudo bem e muitas lesões graves.
Quando cheguei da escola naquela manhã e encontrei minha avó desmaiada no chão da sala, senti um medo que há muito não sentia. Liguei para a ambulância, para uma vizinha e tentei manter a calma. Elas me ajudaram, mas conforme os exames foram saindo, as chances de que minha avó precisaria ficar internada por bastante tempo aumentavam.
Ela não corria risco de morrer, mas a recuperação do seu frágil corpinho com muitos anos de vida levaria bastante tempo. Ela era uma senhora idosa, mas com um espírito muito jovem. Recusou-se a tomar os remédios preventivos que ajudariam nessa situação... remédios que auxiliariam a recuperação de ossos quebrados e a cicatrização de machucados. Agora ela percebia que era importante tomá-los e se arrependia de ter sido tão teimosa.
Éramos só eu e ela desde os meus 8 anos. Meu pai, um rapaz jovem de uma cidade do interior de São Paulo veio para a capital para estudar e tentar construir uma vida digna. Minha mãe, filha única, trabalhava na faculdade que meu pai frequentava. Se apaixonaram, me tiveram, casaram e um belo dia, quando meu pai foi buscar minha mãe no trabalho, os dois sofreram um grave acidente de carro, que diminuiu minha família de quatro pessoas, para apenas duas. Foi um momento difícil de viver, mas a dor e a saudade já haviam passado. Eu agora tenho 17 anos, sou uma jovem responsável e toda essa experiência só me ensinou a valorizar as pessoas que estão ao meu redor, principalmente minha avó.
A família do meu pai guardava muito rancor pelo fato dele ter ido embora da cidade. Ele quis realmente fugir daquela realidade e procurar uma vida melhor para ele e a família que ele pretendia ter. No dia que ele saiu de casa, meus avós paternos e meus tios prometeram esquecer-se da existência do meu pai. Não fez muita diferença para ele, na verdade, já que sempre se sentiu diferente e excluído daquela família, mas eles nunca ligaram para saber sobre mim ou sobre meus pais. Quando eles morreram, ninguém apareceu para o velório ou enterro. E querem saber de uma coisa? Eu não fazia questão nenhuma que eles estivessem presentes agora para nos ajudar.
Apesar da minha pequena família com a minha avó, temos uma vida muito boa. Moramos na capital de São Paulo, temos uma casa própria e que é totalmente a nossa cara. Somos neta e vó, mas parecemos irmãs. E eu a vejo assim, como minha irmã mais velha. Temos amigos, vizinhos, pessoas com quem convivemos e que nos ajudaram nessa situação complicada.
Os resultados dos exames afirmaram nossas suspeitas: minha avó precisaria ficar internada por tempo indeterminado. Até que se recuperasse totalmente, precisaria ficar em observação e cuidados médicos. Ela não poderia ficar sozinha em casa aos cuidados de uma jovem de 17 anos, que não podia faltar da escola para cuidar da avó. Precisávamos de uma solução, e ela chegou assim que meu celular tocou três dias depois do acidente.
                - Alô? Mariana?
                - Sim, a própria. Quem fala?
                - Oi, como tu está, criança? Não reconhece a minha voz?
                - Estou bem e desculpe, não reconheço. Quem fala?
                - Meu nome é Sônia, sou uma antiga amiga da sua avó. Faz tempo que não conversamos, mas eu recebi a notícia de que ela sofreu um acidente dentro de casa e vocês precisam de ajuda.
Neste momento, meu celular estava no viva-voz, e eu estava no quarto conversando com a minha avó, tentando encontrar uma solução para o nosso problema. Quando minha avó ouviu que era Sônia, ela roubou o celular da minha mão e começaram a conversar.
Minha avó contou tudo o que tinha acontecido e claro, colocou a culpa na vassoura que não sabia dançar direito. Sônia e a minha avó eram antigas amigas, e fizeram juntas um curso de confeitaria. Sônia é paulistana, mas casou-se com um gaúcho e foi morar com ele no Rio Grande do Sul. Apesar disso, a amizade das duas nunca mudou, e sempre que se falavam – isto é, quando minha avó tinha a paciência de mexer no celular ou no computador – parecia que o tempo nunca tinha passado. Quando minha avó contou sobre o dilema que estávamos vivendo, Sônia deu a ideia que mudaria minha vida toda.

                - Mariana podia ficar aqui comigo durante o tempo que tu estivesse se recuperando. Acabamos de construir um quarto para o Pedro, e tenho certeza que ele não se incomoda de emprestá-lo para a Mari dormir. Você estará em bons cuidados no hospital, e a Mari em bons cuidados aqui. Vemos se conseguimos trazer você pra cá, mas se não, me disponho a cuidar dela. O que tu acha?

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